Caminhos da Parashá: Aprendizados e Reflexões de Terumá 3° leitura.


 Caminhos da Parashá: Aprendizados e Reflexões de Terumá 3° leitura.


por: Thiago Chessed 


 Leitura da Torá: Sêfer Shemot / Êxodo - Parashat Terumá


A Parashat Terumá é uma seção fascinante do Êxodo que se concentra na construção do Mishcã (Tabernáculo) e nos utensílios sagrados que o acompanharão. Esta porção é rica em simbolismo e significado espiritual, especialmente quando examinada através da lente da Cabalá.


 1. Contexto da Parashat Terumá


No contexto de Terumá, D'us instrui os israelitas a trazerem ofertas voluntárias (terumot) para a construção do Mishcã. Essa construção não é apenas uma questão física; é uma tentativa de criar um espaço onde a presença divina possa habitar entre o povo. A ideia de um espaço sagrado é central na espiritualidade judaica, pois reflete a conexão entre o humano e o Divino.


 2. A Estrutura do Mishcã


(a). O Menorá


Um dos elementos mais significativos mencionados na leitura é o Menorá, o candelabro de sete braços que deve ser feito de ouro puro. Na Cabalá, o Menorá simboliza a iluminação espiritual e a sabedoria divina (Chochmá). Cada braço do Menorá representa uma das sete sefirot inferiores: Chesed (bondade), Gevurá (rigor), Tiferet (beleza), Netzach (eternidade), Hod (glória), Yesod (fundação) e Malchut (reino).


O Menorá não apenas serve como fonte de luz física; ele também representa a luz espiritual que deve brilhar em nossas vidas. A luz, na Cabalá, é sinônimo de conhecimento e compreensão, sendo essencial para a elevação espiritual.


(b). A Mesa dos Pães da Proposição


Outra instrução importante é sobre a mesa que deve conter os pães da proposição (Lehem HaPanim). Esses pães são colocados na mesa em duas fileiras e representam a abundância e a sustento divino. Espiritualmente, eles simbolizam as bênçãos que recebemos diretamente de D'us.


Na Cabalá, essa mesa também pode ser vista como um símbolo do "Zohar", onde as letras e palavras da Torá são as "proposições" que alimentam nossas almas. O ato de estudar e meditar sobre essas palavras é comparável ao consumo dos pães sagrados.


 3. O Véu e as Cortinas


Os capítulos seguintes tratam das cortinas que devem ser usadas para construir o Mishcã. As instruções detalham como cada cortina deve ser feita de materiais específicos e com cores distintas.


(a). O Véu


O véu que separa o Santo dos Santos do resto do Tabernáculo é um símbolo poderoso na Cabalá. Ele representa as barreiras entre o mundo físico e o mundo espiritual. O Santo dos Santos é onde reside a Shechiná, a presença divina. Na prática espiritual, este véu nos lembra que há níveis diferentes de consciência e conexão com D'us.


Através da meditação e do estudo, podemos nos esforçar para "rasgar" esse véu metafórico em nossas vidas, permitindo-nos experimentar uma conexão mais profunda com o Divino.


(b). As Cortinas


As cortinas do Mishcã também têm significados profundos na Cabalá. Elas representam as várias camadas de realidade que existem entre nós e D'us. Cada camada exige esforço para ser penetrada; assim como as cortinas devem ser cuidadosamente elaboradas, nossa prática espiritual deve ser cuidadosa e intencional.


 4. Significado Espiritual


A leitura da Parashat Terumá convida os estudiosos a refletirem sobre sua própria prática espiritual. A construção do Mishcã não era apenas uma tarefa física; era uma maneira de trazer o sagrado para o cotidiano.


Na Cabalá, somos ensinados que cada um de nós tem um "Mishcã" interno – um espaço dentro de nós onde podemos cultivar nossa conexão com D'us. Ao estudar essas passagens, somos incentivados a construir nosso próprio espaço sagrado por meio de atos de bondade, estudo e oração.


 Conclusão


A Parashat Terumá nos oferece uma rica tapeçaria de ensinamentos espirituais através dos detalhes da construção do Mishcã. Ao meditar sobre os utensílios sagrados como o Menorá e a Mesa dos Pães da Proposição, bem como sobre os véus e cortinas que delimitam nosso acesso ao Divino, somos lembrados da importância de criar espaços sagrados em nossas vidas.


Esses ensinamentos não são apenas históricos; eles continuam a ressoar em nosso cotidiano moderno, desafiando-nos a buscar essa conexão divina em nossas práticas espirituais diárias.


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